Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 15 de junho de 2025

Livro “Monumentos ao Emigrante” apresentado no Porto

No passado sábado (14 de junho) foi apresentado no Porto o livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”. A obra, concebida pelo historiador Daniel Bastos, em parceria com o fotógrafo Luís Carvalhido, assente no levantamento dos Monumentos de Homenagem ao Emigrante, existentes em todos distritos de Portugal continental, e regiões autónomas da Madeira e dos Açores, foi apresentada na livraria Unicepe.
Mesa da sessão de apresentação do livro “Monumentos ao Emigrante” (Da esq. para dir.: o fotógrafo Luís Carvalhido, o historiador Daniel Bastos, o jornalista e escritor Mário Augusto, e o tradutor Paulo Teixeira) – ©José Pedro Fernandes A sessão de apresentação, na Cooperativa livreira de estudantes do Porto, esteve a cargo do jornalista de cinema, apresentador de televisão e escritor, Mário Augusto, que assegurou que esta obra pioneira presta uma justa homenagem aos emigrantes portugueses espalhados pelo mundo. Refira-se que este novo livro, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira, prefácio do filósofo e escritor Onésimo Teotónio Almeida, e posfácio da socióloga das migrações, Maria Beatriz Rocha-Trindade, assume-se como um convite a uma viagem pelo passado, com os olhos no presente e futuro, da imagem e memória da emigração em Portugal. Uma viagem através de um itinerário delineado pelo historiador da diáspora Daniel Bastos, profusamente ilustrada pelo talento fotográfico de Luís Carvalhido, que percorre todas as regiões de Portugal, onde existem mais de uma centena de monumentos, como bustos, estátuas ou memoriais dedicados ao Emigrante, que constituem uma relevante fonte material para a compreensão da emigração. Um roteiro que dos monumentos mais singelos, situados nas pequenas aldeias do interior, aos mais grandiosos das aglomerações urbanas, essencialmente erigidos ao longo do último meio século, evidencia as motivações subjacentes à partida e aos destinos, a celebração de figuras gradas das comunidades. Assim como, objetos simbólicos e aspetos inerentes à memória coletiva da emigração, como o “salto” para França, a emigração para o Brasil, Estados Unidos da América, Canadá, Venezuela, Austrália, África do Sul, Alemanha, Suíça, Bélgica e Luxemburgo, entre outros países do mundo, por onde a diáspora portuguesa se encontra disseminada. Uma obra realizada com o apoio institucional da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, e da Sociedade de Geografia de Lisboa, que ao assumir-se como uma história concisa e ilustrada da diáspora, presta tributo aos milhões de emigrantes e lusodescendentes espalhados pelo mundo, e quais protagonistas anónimos da história nacional e mundial, têm dado um contributo fundamental no desenvolvimento das suas terras de origem e de acolhimento.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Manuel DaCosta: um ícone da emigração portuguesa no Canadá

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político. Nos vários exemplos de empresários da diáspora, cada vez mais reconhecidos como uma mais-valia estratégica na promoção do país, destaca-se o percurso inspirador e de sucesso do comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em Toronto. Natural de Castelo do Neiva, concelho de Viana do Castelo, Manuel DaCosta emigrou para o Canadá em 1970, com 14 anos de idade, na companhia da mãe e dos irmãos, ao encontro da figura paterna que emigrara três anos antes em demanda de melhores condições de vida para uma família humilde e numerosa de pescadores-lavradores, marcada pelo espectro de grandes carências, na esteira da larga maioria da população que durante a ditadura portuguesa vivia na pobreza, quando não na miséria. A chegada a Toronto, a maior cidade do Canadá, numa fase de crescimento da emigração lusa para o território da América do Norte, marca o início de um percurso de vida de um verdadeiro “self-made man”. O trabalho, o esforço e a resiliência, valores coligidos no exemplo diário da mãe, transformaram o jovem castelense, que começou a trabalhar na colheita do tomate em Wallaceburg e anos mais tarde frequentou a Ryerson Polytechnical Institute, universidade onde se formou em arquitetura e aprendeu muitos dos alicerces que lhe permitiram progredir profissionalmente, num dos mais proeminentes empresários portugueses na área da engenharia de construção na província do Ontário. Empresário multifacetado, com uma trajetória marcada pelo mérito e pela inovação, premissas que estão na base das insígnias do grau de comendador que lhe foram atribuídas pelas autoridades portuguesas, Manuel DaCosta dirige presentemente uma das mais importantes empresas de comunicação social luso-canadianas. Designadamente, a MDC Media Group, que incorpora órgãos de informação como a Camões Radio & TV, o jornal Milénio Stadium, as revistas Amar e Luso Life, e que desde a sua génese se tem posicionado como uma plataforma de inovação e informação ao serviço da comunidade lusófona no Canadá. O sucesso que alcançou ao longo das últimas décadas no mundo dos negócios, tem sido constantemente acompanhado de um generoso apoio a projetos emblemáticos da comunidade portuguesa em Toronto, a quem devota uma forte preocupação com o conhecimento do seu passado, os desafios do seu presente e a sua futura matriz cultural e identitária. Como é o caso atualmente, da Magellen Community Charities, instituição responsável pela construção em Toronto, do primeiro lar de cuidados a longo termo para idosos de expressão portuguesa. Ainda em 2019, no âmbito das comemorações do 171.º aniversário de elevação de Viana do Castelo a cidade, o município alto-minhoto distinguiu Manuel DaCosta com o título de “Cidadão de Honra de Viana do Castelo” pelos notáveis serviços de cidadania e relevantes serviços na diáspora e no torrão natal, enquanto empresário e promotor da cultura portuguesa. Nunca abdicando da coragem, frontalidade e audácia de pensar, dizer e fazer, o comendador Manuel DaCosta, é entre muitas outras iniciativas, fautor da Galeria dos Pioneiros Portugueses, um espaço museológico singular em Toronto que se dedica à perpetuação da memória e das histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá. Assim como, do Portuguese Canadian Walk of Fame, que anualmente laureia portugueses que se têm destacado no território canadiano. No decurso da cerimónia deste ano, que decorreu no alvorecer do mês de junho, e onde foram homenageados Albino Fernandes da Silva, empresário cultural e proprietário do restaurante Chiado; Maria Barcelos, diretora executiva da organização The Gatehouse; José Eustáquio, presidente da Aliança dos Clubes e Associações Portuguesas do Ontário (ACAPO); e o First Portuguese Canadian Cultural Centre. Destacou-se também, a justa e merecida homenagem surpresa a Manuel DaCosta, um incontornável ícone da emigração portuguesa no Canadá, cuja dedicação, nas palavras dos diretores do Portuguese Canadian Walk of Fame, “ao longo de muitos anos, especialmente em tempos difíceis como a pandemia, demonstra a sua persistência e compromisso com a comunidade”.

domingo, 1 de junho de 2025

Arthur Machado: um empreendedor de referência da comunidade luso-francesa

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político. Nos vários exemplos de empresários lusos da diáspora, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento internacional do país, destaca-se o percurso inspirador e de sucesso de Arthur Machado. Com raízes no concelho de Leiria, onde nasceu em 1966, no antigo Hospital D. Manuel de Aguiar, no seio de uma família humilde, originária de Vale Maior, uma pequena povoação encaixada entre Santa Catarina da Serra e Chainça, Arthur Machado partiu ainda nos anos 60 com a família para França. Mormente para Saint-Maur-des-Fossés, uma comuna a sudeste de Paris, que foi o porto de abrigo e de esperança para uma família que, na esteira de milhares de portugueses, procurava na pátria gaulesa melhores condições de vida Revelando desde muito cedo uma personalidade abnegada e laboriosa, valores coligidos no seio familiar, e alcançando inclusive uma trajetória de formação na área de engenharia, foi a partir do final dos anos de 90, que o leiriense se tornou uma das figuras mais conhecidas da comunidade portuguesa em França, a mais numerosa das comunidades lusas na Europa. Para tal, em muito contribuiu a criação em 1995 da CentralPose, que desde o alvorecer do séc. XXI e até aos dias de hoje, sob a gestão e visão de Arthur Machado, se assume como uma das principais empresas em França, no setor das pavimentações e revestimentos. Empregando cerca de um milhar de trabalhadores, muitos dos quais portugueses, a empresa de obras públicas liderada por Arthur Machado tem estado, ao longo dos últimos anos, ligada a obras emblemáticas em França. Como seja o caso, do Stade de France, a requalificação de La Place de la République, ou os Les Invalides, um dos monumentos mais importantes de Paris. Mais recentemente, a CentralPose de Arthur Machado deixou a sua assinatura no restauro da Catedral de Notre Dame, em Paris, que em 2024, cinco anos depois do incêndio que devastou este símbolo maior da história francesa e do Ocidente, renasceu das cinzas e reabriu ao público. Com efeito, foi a empresa liderada pelo franco-português, que refez o adro deste monumento icónico, assentando cerca de 5 mil metros de pavimento, num projeto concebido também por um engenheiro nacional e calceteiros lusos que trabalharam nesta obra cerca de um ano. O sucesso que o presidente do Conselho de Administração da CentralPose alcançou nas últimas décadas, tem sido estreitado por uma forte ligação à comunidade portuguesa em França. Como evidencia, por exemplo, o facto de já ter liderado e ser um dos patrocinadores oficiais do Lusitanos Saint-Maur, um clube de futebol fundado na década de 1960, por portugueses nos subúrbios de Paris, e que tem marcado várias gerações de emigrantes lusos em França. A dimensão benemérita do engenheiro natural de Leiria, há muitos anos radicado em França, sobressai ainda nos apoios constantes que oferta ao Rotary International, uma associação de clubes de serviços cujo objetivo declarado é unir voluntários a fim de prestar serviços humanitários e promover valores éticos. Assim como, à Fondation pour la Recherche Médicale (FRM), uma organização francesa no campo da investigação médica, que incide o seu raio de ação em doenças como o cancro, doenças cardiovasculares, doenças infeciosas, e doenças neurológicas e psiquiátricas. Uma das figuras mais gradas da comunidade portuguesa em França, o exemplo de vida do empreendedor e benemérito Arthur Machado, foram no passado dia 22 de maio, distinguidas no Dia do Município de Leiria, que atribuiu na sessão solene do feriado concelhio, ao ilustre filho da terra, a Medalha de Prata da Câmara Municipal. Nos fundamentos da justa e merecida distinção, releva-se: “O justo reconhecimento público (…) afigura-se, também, como um estímulo para que a excelência (…) possa inspirar e impelir, pelo exemplo, a que outros a repitam e, até, excedam tais atos ou desempenhos de excecional mérito”.

sábado, 31 de maio de 2025

Porto recebe apresentação do livro “Monumentos ao Emigrante”

No próximo dia 14 de junho (sábado), é apresentado no Porto o livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”. A obra, concebida pelo historiador Daniel Bastos, em parceria com o fotógrafo Luís Carvalhido, assente no levantamento dos Monumentos de Homenagem ao Emigrante, existentes em todos distritos de Portugal continental, e regiões autónomas da Madeira e dos Açores, é apresentada às 16h00, na livraria Unicepe.
O livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”, que percorre todos os distritos de Portugal continental, e as regiões autónomas da Madeira e dos Açores, foi concebido pelo historiador da diáspora Daniel Bastos (dir.), em parceria com o fotógrafo Luís Carvalhido (centro), e traduzido (português e inglês) por Paulo Teixeira (esq.) A sessão de apresentação do livro, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira, prefácio do filósofo e escritor Onésimo Teotónio Almeida, e posfácio da primeira mulher antropóloga portuguesa, Maria Beatriz Rocha-Trindade, estará a cargo do jornalista de cinema, apresentador de televisão e escritor, Mário Augusto. A obra pioneira, realizada com o apoio institucional da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, é um convite a uma viagem pelo passado, com os olhos no presente e futuro, da imagem e memória da emigração em Portugal. Uma viagem através de um itinerário delineado pelo historiador da diáspora Daniel Bastos, profusamente ilustrada pelo talento fotográfico de Luís Carvalhido, que percorre todas as regiões de Portugal, onde existem mais de uma centena de monumentos, como bustos, estátuas ou memoriais dedicados ao Emigrante, e que constituem uma relevante fonte material para a compreensão da emigração. A sessão de apresentação, que é aberta à comunidade, e se integra nos eventos comemorativos do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas na capital da região Norte, um território fortemente marcado pela emigração, constitui uma homenagem aos milhares de emigrantes e lusodescendentes espalhados pelo mundo. Refira-se que nesta história concisa e ilustrada da emigração portuguesa, recentemente apresentada na Sociedade de Geografia de Lisboa, são evidenciadas as motivações subjacentes à partida e aos destinos, a celebração de figuras gradas das comunidades e aspetos inerentes à memória coletiva da emigração. Como o “salto” para França, a emigração para o Brasil, Estados Unidos da América, Canadá, Venezuela, Austrália, África do Sul, Alemanha, Suíça, Bélgica e Luxemburgo, entre outros países do mundo, por onde a diáspora portuguesa se encontra disseminada. No prefácio do livro, Onésimo Teotónio Almeida, Professor Emérito da Universidade Brown, que dedicou uma grande parte da sua vida a escrever sobre a portugalidade e sobre o que é ser português, assegura “Se uma imagem vale mil palavras, temos aqui duas centenas e meia de milhar de belas palavras saltando-nos à vista com gritante eloquência”. Na mesma linha, Maria Beatriz Rocha-Trindade, autora de uma vasta bibliografia sobre matérias relacionadas com as migrações, sustenta no posfácio que “Este livro, constitui uma valiosa contribuição para o conhecimento da História de Portugal”. Com vários livros publicados no campo da história da emigração portuguesa, cujas sessões de apresentação o têm colocado em contacto estreito com as comunidades lusas, o percurso do historiador e escritor Daniel Bastos, colaborador regular da imprensa de língua portuguesa no mundo, tem sido alicerçado no seio da diáspora. Professor e formador, Luís Carvalhido tem participado em várias exposições individuais e coletivas, assim como em concursos de fotografia aquém e além-fronteiras. É autor de diversas obras, onde mais do que captar imagens, expressa e exterioriza sentimentos através da fotografia.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Livro “Monumentos ao Emigrante” apresentado em Lisboa

Na passada terça-feira (20 de maio), foi apresentado em Lisboa o livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”. A obra, concebida pelo historiador Daniel Bastos, em parceria com o fotógrafo Luís Carvalhido, assente no levantamento dos Monumentos de Homenagem ao Emigrante, existentes em todos os distritos de Portugal continental, e regiões autónomas da Madeira e dos Açores, foi apresentada na Sociedade de Geografia de Lisboa.
Mesa da sessão de apresentação do livro “Monumentos ao Emigrante”, concebido pelo historiador Daniel Bastos (centro.), em parceria com o fotógrafo Luís Carvalhido (dir.), e que contou com as presenças de José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, e Maria Beatriz Rocha-Trindade, Presidente da Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa (Crédito fotográfico - Marques Valentim) A sessão de apresentação, que encheu a sala convívio de uma das mais relevantes instituições culturais do país, de dirigentes associativos, agentes políticos, académicos, emigrantes e lusodescendentes, esteve a cargo de Maria Beatriz Rocha-Trindade, Presidente da Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa, que assina o posfácio da obra. E caracterizou a mesma, como “uma valiosa contribuição para o conhecimento da História de Portugal. Não só pelos registos, que relativos ao fenómeno migratório proporcionam um alargado conhecimento, como pelos dados a eles associados que possibilitam uma variedade de olhares interpretativos sobre a sociedade e a cultura portuguesas”. Na mesa de honra da sessão, marcou igualmente presença José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que destacou a importância do livro na valorização da memória da emigração portuguesa. José Cesário enalteceu o trabalho considerável e desprendido dos autores, salientando no caso do historiador da diáspora, “que conheço há muitos anos, tenho que lhe fazer justiça, tem sido um lutador dedicadíssimo por estas questões das comunidades”. Refira-se que esta nova obra, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira, e prefácio do filósofo e escritor Onésimo Teotónio Almeida, constitui um convite a uma viagem pelo passado, com os olhos no presente e futuro, da imagem e memória da emigração em Portugal. Uma viagem através de um itinerário delineado pelo historiador da diáspora Daniel Bastos, profusamente ilustrada pelo talento fotográfico de Luís Carvalhido, que percorre todas as regiões de Portugal, onde existem mais de uma centena de monumentos, como bustos, estátuas ou memoriais dedicados ao Emigrante, que constituem uma relevante fonte material para a compreensão da emigração. Um roteiro que dos monumentos mais singelos, situados nas pequenas aldeias do interior, aos mais grandiosos das aglomerações urbanas, essencialmente erigidos ao longo do último meio século, e que inscrevem uma marca singular na paisagem continental e insular, evidencia as motivações subjacentes à partida e aos destinos, a celebração de figuras gradas das comunidades, a evocação contínua de uma espécie de sinónimo de Portugal, a saudade. Assim como, objetos simbólicos e aspetos inerentes à memória coletiva da emigração, como o “salto” para França, a emigração para o Brasil, Estados Unidos da América, Canadá, Venezuela, Austrália, África do Sul, Alemanha, Suíça, Bélgica e Luxemburgo, entre outros países do mundo, por onde a diáspora portuguesa se encontra disseminada. Uma obra pioneira, realizada com o apoio institucional da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, e da Sociedade de Geografia de Lisboa, que ao assumir-se como uma história concisa e ilustrada da diáspora, presta tributo aos milhões de emigrantes e lusodescendentes espalhados pelo mundo, e quais protagonistas anónimos da história nacional e mundial, têm dado um contributo fundamental no desenvolvimento das suas terras de origem e de acolhimento.

domingo, 11 de maio de 2025

John Melo: um empreendedor de referência da diáspora portuguesa

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político. Nos vários exemplos de empreendedores da diáspora portuguesa, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento internacional do país, destaca-se o percurso notável e de sucesso de John Melo. Natural da Ilha do Pico, a segunda maior ilha do Arquipélago dos Açores, John Melo partiu em 1973, aos 7 anos de idade, com os pais para Boston, a capital e a maior cidade norte-americana de Massachusetts. Região que constituía, um dos mais importantes destinos para muitos emigrantes portugueses, em particular açorianos, que nessa época, marcada na pátria de origem pela estreiteza de horizontes, falta de liberdade e carências, partiram para a América do Norte à procura de melhores condições de vida. No decurso da adolescência, o jovem de raízes açorianas mudou-se para a Califórnia, estado norte-americano onde vive a maior comunidade de emigrantes portugueses e lusodescendentes nos Estados Unidos, e no qual frequentou o ensino secundário. O trabalho, esforço e resiliência, valores coligidos no seio familiar, assim como o alvorecer da efervescência de Silicon Valley, a “Meca da tecnologia”, localizada na Califórnia, mormente na região da Baía de São Francisco, impeliram o jovem luso-americano a optar por aulas técnicas com foco na área de engenharia tecnológica, orientadas para o desenvolvimento, produção e utilização de tecnologias inovadoras. A veia empreendedora e a paixão incessante pelo saber-fazer, isto é, a aplicação de conhecimento assente na experiência prática, levaram desde a entrada na maioridade John Melo a acumular experiências profissionais em campos técnicos, de marketing vendas, finanças, análise de mercados, e criação e venda de empresas. Contexto que muito contribuiu para que nos anos 90, fosse convidado pela Amoco, classificada em meados do séc. XX a maior empresa de petróleo dos Estados Unidos, para diretor executivo na área automóvel. Com a aquisição, em 1998, da Amoco pela BP (British Petroleum), uma das maiores petrolíferas do mundo, o empreendedor luso-americano foi convidado pela empresa petrolífera britânica a assumir, em Londres, as funções de gerente da marca. Vindo posteriormente a tornar-se presidente da BP Combustíveis Estados Unidos, onde liderou negócios de marketing, logística e comércio de petróleo. Uma década após uma experiência socioprofissional marcante na companhia de petróleo BP, um dos grandes nomes do setor, John Melo foi convidado a assumir as funções de CEO, ou seja, de Diretor Executivo da Amyris. Uma empresa de biotecnologia sintética, fundada em 2003, com sede em Emeryville, na Califórnia, que serve os mercados de produtos químicos especiais e desempenho, aromas e fragâncias, ingredientes cosméticos, produtos farmacêuticos e nutracêuticos. Sob a liderança de John Melo, que foi CEO da Amyris até 2023, a empresa tornou-se líder mundial em aplicações de biotecnologia industrial, trabalhando para reduzir o custo de curar a malária e produção de baixo carbono, mediante uma segunda geração de biocombustíveis. Por exemplo, em 2016, a empresa recebeu um investimento do Fundo de Inovação Estratégica da Fundação Bill e Melinda Gates para apoiar o desenvolvimento de medicamentos antimaláricos baseados na artemisinina semissintética. Foi igualmente sob a liderança de John Melo, que em 2016 a Amyris estabeleceu uma parceria com a Universidade Católica Portuguesa (UCP) para a criação de um Hub Europeu de Biotecnologia no Porto. Além deste protocolo, foi assinado em 2018, o contrato que viabilizou o projeto de investigação Alchemy – uma parceria estratégica entre a UCP, através da ESB, a empresa Amyris Bio Products Portugal, subsidiária da Amyris e o Governo de Portugal, através da Agência para o Investimento e Comércio Externo Portugal (AICEP). Um projeto de colaboração entre a empresa e a universidade, que permitiu a contratação de uma equipa de mais de 80 investigadores, e investimentos de milhões de euros em Investigação e Desenvolvimento (I&D), que alavancaram em Portugal competências de excelência em biotecnologia. Uma das figuras mais conhecidas da comunidade portuguesa na Califórnia, a trajetória de vida de John Melo, que é um dos membros-fundadores do Conselho da Diáspora Portuguesa. E que, em 2015, foi agraciado pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito Empresarial – Classe do Mérito Industrial, assevera a visão de Peter Drucker, considerado o pai da gestão moderna: “A inovação é o instrumento específico do empreendedorismo, o acto que confere aos recursos uma nova capacidade de criar riqueza”.

sábado, 3 de maio de 2025

Livro presta homenagem à emigração portuguesa

No próximo dia 20 de maio (terça-feira), é apresentado em Lisboa o livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”. A obra, concebida pelo historiador Daniel Bastos, em parceria com o fotógrafo Luís Carvalhido, assente no levantamento dos Monumentos de Homenagem ao Emigrante, ou intrinsecamente ligados ao fenómeno emigratório, existentes em todos os 18 distritos de Portugal continental, e regiões autónomas da Madeira e dos Açores, é apresentada às 17h00, na Sociedade de Geografia de Lisboa.
O livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”, que percorre todos os distritos de Portugal continental, e as regiões autónomas da Madeira e dos Açore, foi concebido pelo historiador da diáspora Daniel Bastos (esq.), em parceria com o fotógrafo Luís Carvalhido (centro), e traduzido (português e inglês) por Paulo Teixeira (dir.) A sessão de apresentação do livro, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira, e prefácio do filósofo e escritor Onésimo Teotónio Almeida, estará a cargo de Maria Beatriz Rocha-Trindade, Presidente da Comissão de Migrações da Sociedade de Geografia de Lisboa, que assina o posfácio da obra. E contará com a presença de José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. A obra pioneira, realizada com o apoio institucional da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, e da Sociedade de Geografia de Lisboa, é um convite a uma viagem pelo passado, com os olhos no presente e futuro, da imagem e memória da emigração em Portugal. Uma viagem através de um itinerário delineado pelo historiador da diáspora Daniel Bastos, profusamente ilustrada pelo talento fotográfico de Luís Carvalhido, que percorre todas as regiões de Portugal, onde existem mais de uma centena de monumentos, como bustos, estátuas ou memoriais dedicados ao Emigrante, não raras vezes desconhecidos do grande público, que constituem uma relevante fonte material para a compreensão da emigração. Um roteiro que dos monumentos mais singelos, situados nas pequenas aldeias do interior, aos mais grandiosos das aglomerações urbanas, essencialmente erigidos ao longo do último meio século, e que inscrevem uma marca singular na paisagem continental e insular, evidencia as motivações subjacentes à partida e aos destinos, a celebração de figuras gradas das comunidades, a evocação contínua de uma espécie de sinónimo de Portugal, a saudade. Assim como, objetos simbólicos e aspetos inerentes à memória coletiva da emigração, como o “salto” para França, a emigração para o Brasil, Estados Unidos da América, Canadá, Venezuela, Austrália, África do Sul, Alemanha, Suíça, Bélgica e Luxemburgo, entre outros países do mundo, por onde a diáspora portuguesa se encontra disseminada. Uma obra que ao assumir-se como uma história concisa e ilustrada da diáspora, presta tributo aos milhões de emigrantes e lusodescendentes espalhados pelo mundo, e quais protagonistas anónimos da história nacional e mundial, têm dado um contributo fundamental no desenvolvimento das suas terras de origem e de acolhimento. No prefácio do livro, Onésimo Teotónio Almeida, Professor Emérito da Universidade Brown, que dedicou uma grande parte da sua vida a escrever sobre a portugalidade e sobre o que é ser português, assegura “Se uma imagem vale mil palavras, temos aqui duas centenas e meia de milhar de belas palavras saltando-nos à vista com gritante eloquência”. Na mesma linha, Maria Beatriz Rocha-Trindade, autora de uma vasta bibliografia sobre matérias relacionadas com as migrações, sustenta no posfácio que “Este livro, constitui uma valiosa contribuição para o conhecimento da História de Portugal”. Com vários livros publicados no campo da história da emigração portuguesa, cujas sessões de apresentação o têm colocado em contacto estreito com as comunidades lusas, o percurso do historiador e escritor Daniel Bastos, colaborador regular da imprensa de língua portuguesa no mundo, tem sido alicerçado no seio da diáspora. Professor e formador, Luís Carvalhido tem participado em várias exposições individuais e coletivas, assim como em concursos de fotografia aquém e além-fronteiras. É autor de diversas obras, onde mais do que captar imagens, expressa e exterioriza sentimentos através da fotografia. Refira-se que a edição da obra, deveu-se em grande parte ao mecenato de empresas da diáspora que partilham uma visão de responsabilidade social e um papel de apoio à cultura, e que ao longo do ano estão previstas várias sessões de apresentação no território nacional e junto das comunidades portuguesas.

domingo, 27 de abril de 2025

José Ferreira: um exemplo do potencial empreendedor dos lusodescendentes

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político. Entre as várias trajetórias de portugueses e lusodescendentes que se distinguem pelo seu papel empreendedor e inovador, e constituem um relevante facto de desenvolvimento do país, destaca-se o percurso inspirador e de sucesso de José Ferreira. Filho de pais portugueses com raízes na ilha da Madeira, território arquipelágico cuja imensa diáspora se encontra disseminada por todos os continentes, o empreendedor lusodescendente nasceu e cresceu no Equador, na costa oeste da América do Sul, país onde há 700 portugueses registados, e José Ferreira montou os seus primeiros negócios. O lusodescendente de origem madeirense tem realizado atualmente vários projetos e investimentos na “pérola do Atlântico”. Nomeadamente, no setor do turismo, um importante motor do desenvolvimento económico local, regional e nacional, sendo que inclusivamente, a Madeira tem sido uma das regiões que tem impulsionado o crescimento do turismo em Portugal. No decurso do passado mês de março, o empresário lusodescendente, impelido por uma visão estratégica salpicada de afinidade sentimental, inaugurou na freguesia do Paul do Mar, conhecida pelas suas paisagens naturais marcantes e pelas suas tradições seculares, uma unidade de alojamento local, através da recuperação de uma propriedade anteriormente pertencente aos seus bisavós. Conjuntamente com o investimento de cerca de 800 mil euros na Quinta Marefe, em Paul do Mar, o empresário lusodescendente tem ainda a decorrer no concelho da Calheta, três novas obras com a mesma finalidade, mormente as Casas do Salão. O amor à terra dos ascendentes e a visão empreendedora de José Ferreira, tem sido acompanhada por uma importante vertente social. Dado o compromisso do empresário lusodescendente, em contribuir para a construção de habitação no torrão arquipelágico a custos controlados, ajudando, concomitantemente, a mitigar a crise da habitação em Portugal, país da OCDE onde é mais difícil comprar casa, tendo a pior relação entre o preço das casas e os rendimentos, segundo os dados do terceiro trimestre de 2024. E em particular, na Região Autónoma da Madeira, onde o preço das casas subiu 12,6% em 2024, passando para os 3251 euros por metro quadrado, um aumento de 2121 euros face a janeiro de 2015. Segundo o jovem empresário lusodescendente, “o equilíbrio entre o investimento turístico e a vertente social é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável da Madeira, promovendo soluções que beneficiem tanto os visitantes como a população local”. Numa época em que os empreendedores portugueses e lusodescendentes da diáspora, são reconhecidos como uma mais-valia estratégica na promoção e desenvolvimento do país, o apego às raízes de José Ferreira e o seu espírito arrojado, robustece a visão do reputado empresário norte-americano Michael Dell: “Os empreendedores reais têm o que eu chamo de três Ps (e, acreditem-me, nenhum deles significa permissão). Os empreendedores reais têm uma paixão por aquilo que estão a fazer, um problema que precisa de ser resolvido, e um propósito que os impulsiona para a frente”.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Emílio Cabral: a relevância do investimento da diáspora em Portugal

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político. Nos vários exemplos de empresários lusos da diáspora, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento internacional do país, destaca-se o percurso notável e de sucesso de Emílio Cabral. Natural de Santa Clara, freguesia do município de Ponta Delgada, na ilha açoriana de São Miguel, Emílio Cabral partiu em 1969, aos 10 anos de idade, com os pais para o Canadá. Um dos mais importantes destinos para muitos emigrantes portugueses, em particular açorianos, que nessa época, marcada na pátria de origem pela estreiteza de horizontes, falta de liberdade, pobreza e guerra colonial, partiram para a América do Norte à procura de melhores condições de vida. O trabalho, esforço e resiliência, valores coligidos no seio familiar, transformaram o emigrante ponta-delgadense num proeminente empresário da numerosa comunidade portuguesa, presente no segundo maior país do mundo em área total, onde se estima que atualmente vivam mais de meio milhão de luso-canadianos. Para tal, muito contribuiu o facto, de no alvorecer da maioridade se ter lançado na área da construção civil, adquirindo uma experiência socioprofissional que combinadas com capacidades extraordinárias de trabalho, mérito e inovação, impulsionaram o empresário luso-canadiano a criar em 1986 a Regional Sewer and Watermain. Uma empresa com atividade no setor da construção civil, sediada em Cambridge, cidade localizada na província canadiana do Ontário, com 140 mil habitantes, onde um terço da população é luso-canadiana, inicialmente especializada em esgotos para bairros residenciais. Mas que, com o passar dos anos passou também a incidir a sua área de atuação na construção de estradas e bairros de grande dimensão. Uma das empreitadas mais conhecidas do emigrante açoriano na América do Norte, foi inaugurada no início do séc. XXI, mormente o Whistle Bear Golf Club, situado em Cambridge. Se em termos de comprimento, o Whistle Bear Golf Club é o maior campo de golfe do Canadá, nos últimos anos destaca-se ainda, por ser um espaço icónico ao nível da realização de casamentos de luxo. A paixão pelas raízes arquipelágicas e a visão estratégica, impulsionaram recentemente Emílio Cabral a investir num empreendimento turístico em São Miguel, um dos territórios onde o turismo mais cresce nos Açores. O investimento de cinco milhões de euros, num setor cada vez mais essencial para o desenvolvimento do país, contribuindo significativamente para a economia nacional, regional e local, consubstanciou-se no decurso do passado mês de março, na inauguração do Azores Homes Resort & Spa. Uma nova infraestrutura de alojamento turístico localizado na Fajã de Baixo, em Ponta Delgada, composta por nove vilas exclusivas, cada uma representando as nove ilhas dos Açores, e que realça paradigmaticamente a importância da diáspora no desenvolvimento e projeção do território arquipelágico, e conjuntamente de Portugal, no mundo. Um relevante investimento de um emigrante açoriano, que reforça assim a atratividade turística do território arquipelágico, um setor de atividade que constitui já um dos principais motores económicos dos Açores. Como sustenta o Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA), no ano transato o arquipélago registou 4,3 milhões de dormidas e 1,3 milhões de hóspedes, representando um acréscimo face ao ano anterior de 12,4% e 9%, o valor mais elevado desde que há registos (2001). Uma das figuras mais conhecidas da comunidade portuguesa em Cambridge, no sul da província canadiana do Ontário, a trajetória de vida de Emílio Cabral, e o seu recente contributo na valorização do território arquipelágico, e concomitantemente de Portugal, aviva a conspeção queirosiana que arrosta a “emigração como força civilizadora”.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Comendador Carlos Andrade: o “rei dos donuts” nos Estados Unidos

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é a sua dimensão empreendedora e benemérita como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso, e desempenham funções de relevo a nível cultural, económico, político e social. Nos vários exemplos de empreendedores portugueses da diáspora, uma incontornável mais-valia estratégica na promoção internacional do país, destaca-se o percurso inspirador e singular do comendador Carlos Andrade, um dos mais destacados empreendedores da numerosa comunidade portuguesa nos Estados Unidos da América (EUA). Natural da Ribeira Seca, freguesia do município de Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha açoriana de São Miguel, Carlos Andrade emigrou em 1967, no alvorecer da maioridade, com os pais para Montreal, a maior cidade da província do Quebeque, no Canadá. Um dos mais importantes destinos para muitos emigrantes portugueses, em particular açorianos, que nessa época, marcada na pátria de origem pela estreiteza de horizontes, falta de liberdade, pobreza e guerra colonial, partiram para a América do Norte à procura de melhores condições de vida. Seria, no entanto, nos Estados Unidos, mais concretamente na vila de Bristol, no estado norte-americano de Rhode Island, onde existe uma grande comunidade de portugueses vindos em grande parte do arquipélago dos Açores, que Carlos Andrade e os seus pais, fixariam definitivamente, em 1974, a sua senda migratória. Com um percurso de vida trilhado no encalço do sonho americano ("the American dream”), o emigrante açoriano entrou em 1975 na Dunkin Donuts University, em Quincy, Massachusetts, onde encetou uma base sólida de formação, no seio da reputada multinacional norte-americana especializada na venda de donuts, café e gelados. Iniciando, a partir de então, uma trajetória socioprofissional fulgurante de ascensão na escala social, graças a capacidades extraordinárias de trabalho, mérito e resiliência. Em 1978, o empreendedor vila-franquense, adquiriu a sua primeira pastelaria Dunkin Donuts, na vila de Raynham, Massachusetts, dando início à alavancagem de um império empresarial, fundamentalmente estabelecido na Nova Inglaterra, na região nordeste dos Estados Unidos, mormente nos estados de Massachusetts, Connecticut, Rhode Island e New Hampshire. Um império empresarial assente em mais de meio milhar de lojas, às quais se juntam ainda as lojas Dunkin Donuts abertas por outros luso-americanos, também em regime de franchising, que em conjunto com a maior central de produção para abastecimento de Dunkin Donuts nos EUA, empregam na Nova Inglaterra e Nova Iorque, milhares de pessoas, muitas delas portugueses e brasileiros. O esforço hercúleo, o sentido de família e a dedicação laboriosa de Carlos Andrade, sublimaram um empresário de sucesso que nunca descurou a responsabilidade social. Radicado há meio século nos Estados Unidos, o sucesso que o emigrante luso-americano alcançou no mundo dos negócios, tem sido acompanhado de uma notável dimensão filantropa nas comunidades de acolhimento e de origem. É o caso, por exemplo, dos financiamentos que ao longo dos anos tem prestado ao New England Center for Children, uma estrutura especializada em serviços abrangentes para crianças com autismo; ou ao Dana-Farber Cancer Institute, um centro de tratamento inovador no tratamento do cancro. Assim como, a criação do “Scholarship of Dunkin Donuts for New England”, que até aos dias de hoje, atribuiu centenas de milhares de dólares em bolsas de estudo universitárias. O apoio que no decurso dos últimos anos tem concedido ao torrão arquipelágico, nomeadamente em Vila Franca do Campo, a diversas instituições sociais, culturais e desportivas, impeliu em 2009, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores a atribuir-lhe a “Insígnia Autonómica do Mérito Industrial”. E, em 2015, Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, a mais alta distinção do concelho, a Medalha de Ouro e Diploma de Cidadão Honorário. Não por acaso, quatro anos antes da distinção da edilidade vila-franquense, Carlos Andrade foi agraciado pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, numa cerimónia na residência oficial do embaixador de Portugal em Washington, com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique. Uma distinção, justa e merecida, com uma ordem honorífica portuguesa, que visa reconhecer a prestação de serviços relevantes a Portugal, no país ou no estrangeiro. Uma das figuras mais proeminentes da comunidade portuguesa nos Estados Unidos da América, pátria de acolhimento há meio século onde é conhecido como o “rei dos donuts”, o percurso singular do comendador Carlos Andrade, que foi nomeado “Filantropo do Ano 2015 da Dunkin’ Donuts”, recorda-nos a máxima do poeta romântico francês Alfred de Vigny: “Há algo de tão magnífico com um grande homem: um homem de honra”.

sábado, 12 de abril de 2025

Daniel Bastos evocou Gérald Bloncourt e o seu legado fotográfico humanista e de liberdade em Portugal

Na passada sexta-feira (11 de abril), o historiador da diáspora Daniel Bastos, no âmbito dos eventos das comemorações dos 50 anos da democracia, que continuam este ano tendo como destaque os temas da participação e da democratização, proferiu na livraria Unicepe, um espaço cultural de referência na cidade do Porto, a conferência "Gérald Bloncourt – Dias de Liberdade em Portugal".
Autor de obras de referência sobre o trabalho fotográfico de Bloncourt ligados à emigração e à génese da democracia portuguesa, Daniel Bastos destacou o trabalho fotográfico de Gérald Bloncourt, que captou imagens marcantes que medeiam a Revolução dos Cravos e a celebração do Dia do Trabalhador na capital portuguesa. Designadamente, a chegada do histórico líder comunista Álvaro Cunhal ao Aeroporto de Lisboa, a emoção do reencontro de presos políticos e exilados com as suas famílias, o caráter pacífico e libertador da Revolução de Abril, e as celebrações efusivas do 1.º de Maio de 1974, a maior manifestação popular da história portuguesa. Uma sessão intimista e acolhedora, aberta à comunidade, que incluiu ainda a reapresentação do livro “Gérald Bloncourt – Dias de Liberdade em Portugal”. E que, em pleno mês simbólico de celebração do 25 de Abril, constituiu uma homenagem a uma personalidade ímpar que durante mais de duas décadas escreveu cm luz a vida dos portugueses, que lutaram aquém e além-fronteiras pelo direito a uma vida melhor e à liberdade.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Memórias da ditadura revisitadas na comunidade portuguesa em Bruxelas

No passado sábado (5 de abril), foi apresentado na capital da Europa o livro “Memórias da Ditadura – Sociedade, Emigração e Resistência”. A obra, concebida pelo historiador Daniel Bastos a partir do espólio fotográfico inédito de Fernando Mariano Cardeira, antigo oposicionista, militar desertor, emigrante e exilado político, foi apresentada na livraria La Petite Portugaise, em Bruxelas.
O historiador Daniel Bastos, acompanhado de Maria José Gama, Presidente da Associação José Afonso, Núcleo de Bruxelas, no decurso da apresentação do livro “Memórias da Ditadura – Sociedade, Emigração e Resistência”, na livraria La Petite Portugaise em Bruxelas A sessão de apresentação, que encheu a livraria La Petite Portugaise, um ponto de encontro incontornável na promoção da língua e cultura portuguesas na capital da Europa, de emigrantes, ativistas culturais e dirigentes associativos, esteve a cargo de Maria José Gama, Presidente da Associação José Afonso, Núcleo de Bruxelas, que destacou o livro como um importante contributo para o conhecimento da nossa história recente, em particular, para o reforço da memória sobre a conquista da liberdade e democracia em Portugal. Nesta obra, uma edição bilingue (português e inglês) com tradução de Paulo Teixeira e prefácio do investigador José Pacheco Pereira, realizada com o apoio institucional da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, Daniel Bastos revela o espólio singular de Fernando Mariano Cardeira, cuja lente humanista e militante teve o condão de captar fotografias marcantes para o conhecimento da sociedade, emigração e resistência à ditadura portuguesa nos anos 60 e 70. Através das memórias visuais do antigo oposicionista, assentes num conjunto de centena e meia de imagens, são abordados, desde logo, as primeiras manifestações do Maio de 1968 em Paris, acontecimento icónico onde o fotógrafo engajado consolidou a sua consciência cívica e política. E, com particular incidência, o quotidiano de pobreza e miséria em Lisboa, a efervescência do movimento estudantil português, o embarque de tropas para o Ultramar, os caminhos da deserção, da emigração “a salto” e do exílio, uma estratégia seguida por milhares de portugueses em demanda de melhores condições de vida e para escapar à Guerra Colonial nos anos 60 e 70. Refira-se que esta obra, agora apresentada em Bruxelas, encontra-se no final da sua primeira edição, tendo sido já lançada noutras latitudes das comunidades portuguesas, designadamente em Espanha (Vigo), Canadá (Toronto) e em França (Paris). Assim como em várias cidades no território nacional (Lisboa, Porto, Braga, Felgueiras, Fafe, Óbidos e Torres Novas).