Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Artur Brás: o potencial do investimento da diáspora em Portugal

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político. Nos vários exemplos de empresários lusos da diáspora, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico na promoção e reconhecimento internacional do país, destaca-se o percurso inspirador e de sucesso de Artur Brás. Natural da freguesia de Rossas, situada no concelho minhoto de Vieira do Minho, onde nasceu no seio de uma família de lavradores em 1948. Artur Brás, que teve oportunidade de estudar em Braga, até à adolescência, completando o 5.º ano na Escola Industrial Carlos Amarante, partiu para França em 1965, demandando assim, na esteira de milhares de jovens portugueses, no decurso da ditadura salazarista, escapar ao tirocínio do serviço militar obrigatório na Guerra Colonial. Com um passaporte de estudante e dominando um pouco a língua francesa, o emigrante vieirense não percorreu, ao contrário de inúmeros patrícios, os trilhos da emigração “a salto”. No entanto, a entrada legal em terras gaulesas ficou marcada inicialmente pelo acolhimento de um amigo, durante três dias no “bidonville” de Saint-Denis. Um enorme bairro de lata, com condições de habitabilidade deploráveis, sem eletricidade, sem saneamento nem água potável, que na década de 60 albergou milhares de portugueses, tornando-se um dos principais centros de distribuição de trabalhadores de nacionalidade lusa em França. Revelando desde muito cedo uma personalidade abnegada e profundamente comprometida com o trabalho, valores coligidos no seio familiar minhoto, o jovem vieirense, que começou a trabalhar numa empresa francesa, como ajudante na construção, rapidamente galgou os degraus do sucesso, tornando-se diretor da mesma, aos 26 anos de idade, na região de Seine-et-Marne. Um ano depois, as saudades do torrão natal conduziram Artur Brás a Vieira do Minho, realizando vários investimentos patrimoniais e começando a sua empresa de construção civil. Porém, um acidente de trabalho numa obra fê-lo regressar novamente a França, onde criou em 1977, uma empresa especializada na construção de vivendas de luxo, e conheceu em Paris, a também vieirense Maximina da Silva, grande suporte e companheira de vida com quem casou nessa década. A empresa “Arthur Brás Construções”, tornou-se a partir de então na região de Chantilly, a norte de Paris, onde Artur Brás empreendeu, investiu e lançou as bases do futuro da sua família, uma referência de elevada qualidade na construção e um nome carregado de seriedade e respeito. Lançando-se igualmente no setor da promoção imobiliária, o emigrante e empreendedor ainda tentou aos quarenta anos o regresso à terra mãe, mas abandonado lestamente o propósito, consolidou o “Grupo Arthur Brás” através dos alicerces de mais de uma dezena de empresas, dedicadas ao património, construção e promoção imobiliária. A implantação no sector de construção e promoção imobiliária, e a notável capacidade empreendedora marcada pelo mérito de Artur Brás, alavancaram em 2018, no dia do seu 70.º aniversário, a inauguração da joia do grupo, o Hyatt Regency Chantilly, um hotel de quatro estrelas. Conhecido por cultivar a discrição, assim como os valores da família e a firmeza da amizade, o emigrante e empresário vieirense, que mantém uma estreita ligação à pátria de Camões, corporaliza o ativo e potencial estratégico do investimento da diáspora em Portugal, como seja o caso, do setor da construção. Numa época em que Portugal enfrenta um dos seus maiores desafios habitacionais, marcado pela necessidade urgente de aumentar a oferta de casas e torná-las mais acessíveis, o empreendedor de sucesso tem projetos em construção em Braga, junto à Universidade do Minho e do Hospital de Braga, com uma elevada procura por parte de professores e profissionais de saúde. Além deste relevante investimento no município de Braga, que nos últimos anos ultrapassou a barreira dos 200 mil habitantes, sendo mesmo o território que mais aumentou a população, na última década, entre os maiores concelhos do país. O empresário luso-francês, tem também em fase de arranque, a construção de meia centena de apartamentos, no concelho de Amares, na margem direita do rio Cávado, a nordeste de Braga. Ainda no Baixo Minho, o emigrante de sucesso tem presentemente em estudo de viabilidade, projetos de construção em Vieira do Minho. Torrão natal de Artur Brás, que em 2021, no âmbito do 507.º aniversário de elevação a concelho de Vieira do Minho, homenageou o ilustre filho da terra no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Expandindo assim no território nacional as suas atividades, o emigrante luso-francês, ao aproveitar o dinamismo do mercado imobiliário português, alavanca o crescimento económico do “Grupo Arthur Brás”, através do desenvolvimento económico de concelhos no norte de Portugal, criando postos de trabalho, investimentos e fixando população. Uma das figuras mais conhecidas da comunidade portuguesa em França, a mais numerosa das comunidades lusas na Europa, a resposta do emigrante e empreendedor Artur Brás às graves carências habitacionais do país, evidencia como a vasta diáspora pode e deve constituir um importante fator de desenvolvimento do país. Como afirmava Fernando Pessoa, o maior poeta nacional do século XX: “O povo português é, essencialmente, cosmopolita. Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo”.

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