Morgado de Fafe
O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.
domingo, 2 de fevereiro de 2025
José Carlos Teixeira: um paladino da comunidade portuguesa no Canadá
Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é indubitavelmente a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico, político e associativo.
Nos vários exemplos de difusão e promoção da cultura portuguesa na diáspora, cada vez mais percecionados como um ativo estratégico no progresso e reconhecimento do país, tem-se destacado, ao longo dos últimos anos, o percurso notável de José Carlos Teixeira, professor de Geografia na Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.
Natural dos Açores, da ilha de São Miguel, freguesia da Ribeira Grande – Matriz, José Carlos Teixeira emigrou, como estudante estrangeiro, no ocaso dos anos 70 para Montreal, a maior cidade da província do Quebeque, no Canadá, onde vivem atualmente mais de 75 mil portugueses e lusodescendentes.
A estadia em Montreal, facilitada pela presença de um tio paterno, pioneiro da emigração açoriana, possibilitou ao jovem ribeira-grandense frequentar um colégio para aprender a língua francesa. E posteriormente, no decurso da década de 1980, iniciar o bacharelato e, mais tarde, o mestrado em Geografia na Universidade do Quebeque, com uma tese intitulada “A mobilidade residencial intra-urbana dos portugueses em Montreal”.
Em 1986, o cientista social açoriano, mudou-se para Toronto, onde vivia o grande suporte e companheira de vida, Maria Teixeira, e onde se concentram hodiernamente, a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes presentes no Canadá. A estadia em Toronto, impulsionou a prossecução dos estudos de doutoramento na Universidade de York, com uma dissertação dedicada ao “Papel das Fontes Étnicas de Informação na Decisão de Deslocalização – O processo de tomada de decisão: Um estudo de caso dos portugueses em Mississauga”.
Com uma carreira académica fulgurante, assente ainda num pós-doutoramento, também dedicado às áreas de residência das comunidades portuguesas como foco de estudo e de investigação, José Carlos Teixeira, lecionou na Universidade de York até 1996, sendo depois contratado pela Universidade de Toronto, onde foi docente durante cinco anos.
Reconhecido especialista em geografias de migração, povoamento e urbanização no Canadá, o cientista social e docente, que em 2005 ingressou nos quadros da Universidade da Colúmbia Britânica, a instituição de ensino superior mais antiga da província da Colúmbia Britânica, onde é desde 2013 professor catedrático, tem colocado sempre as comunidades portuguesas disseminadas pelo território canadiano, no centro das suas investigações.
Com mais de uma centena de publicações, a excelência académica do seu trabalho na nação canadiana, focado na estrutura e evolução das comunidades, na mobilidade para os subúrbios e no papel do comércio étnico dos portugueses, encontra-se espelhada, ao longo das últimas décadas, em inúmeras distinções. Entre outras, destaca-se o “Prémio de Investigação da Universidade da Columbia Britânica – Okanagan”, o “UBC Okanagan Provost’s Award for Public Education through Media Award” e pela Association of American Geographers, o “Ethnic Geography Distinguished Scholar Award”, ou o Prémio de Excelência Profissional do FPCBC.
A sua constante e apaixonada dedicação na promoção da portugalidade, em geral, e da açorianidade, em particular, no Canadá, o segundo maior país do mundo em área total, concorreram decisivamente para que em 2005, tenha recebido durante uma cerimónia no campus universitário de Kelowna, das mãos do Cônsul de Portugal em Vancouver, a Ordem do Infante D. Henrique. Uma ordem honorífica portuguesa, que visa distinguir a prestação de serviços relevantes a Portugal, no país ou no estrangeiro, ou serviços na expansão da cultura portuguesa, da sua História e dos seus valores.
Assim como, em 2023, ano em que decorreram as celebrações oficiais dos 70 anos da emigração portuguesa para o Canadá, tenha passado a figurar no “Portuguese Canadian Walk of Fame”, que anualmente laureia portugueses que se têm destacado no território canadiano. A sua profunda ligação e conhecimento identitário do torrão natal, estão igualmente na base da Insígnia Autonómica de Mérito Profissional, que lhe foi conferida, em 2009, pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Um símbólico reconhecimento público para com um ilustre filho do território arquipelágico, que ao longo dos anos, tem contribuído para a consolidação histórica e cultural da açorianidade no Canadá.
Uma das figuras mais conhecidas da comunidade portuguesa no Canadá, uma das mais relevantes comunidades lusas na América do Norte, que se destaca pela dinâmica da sua atividade associativa, económica e sociopolítica, o percurso de vida do professor catedrático e comendador José Carlos Teixeira, inspira-nos a máxima do filósofo José Ortega y Gasset: “A cultura é uma necessidade imprescindível de toda uma vida, é uma dimensão constitutiva da existência humana, como as mãos são um atributo do homem”.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário