Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

terça-feira, 20 de março de 2018

Rádio Alfa, a emissora dos portugueses em Paris


No ar desde 5 de outubro de 1987, a Rádio Alfa, uma estação de rádio lusófona situada em Paris e dirigida à comunidade portuguesa em França, a maior comunidade de portugueses no estrangeiro, desempenha um papel fundamental na manutenção e promoção da identidade lusa em terras gaulesas. 

Localizada atualmente em Créteil, é consensualmente reconhecida como a emissora mais popular dos portugueses em Paris, para o que muito contribui o facto de ser a única rádio da comunidade portuguesa que abrange a região de França, 24 horas por dia. 

Se tivermos em linha de conta que os dados mais recentes apontam para que vivam em França mais de meio milhão de portugueses e que, se considerarmos a comunidade contando com os descendentes de segunda e terceira geração, o número sobe para quase 1 milhão e meio, elevando-a assim à maior comunidade estrangeira a viver em França, percebe-se que a Rádio Alfa além de emitir para um enorme auditório, constitui-se como a voz de intervenção da comunidade portuguesa na Cidade Luz.   
Enquanto palco privilegiado de intervenção, a grelha da estação emite programas que dedicam espaços à resolução de problemas, à promoção da música, cultura e língua portuguesa, à divulgação das atividades realizadas pelo meio associativo e à difusão de notícias que visam a informação junto da comunidade portuguesa em França.

Como sustenta Carla Laureano, na tese A rádio Alfa e a comunidade portuguesa em França: estudo de caso sobre a relação entre média e identidades, a emissora ao desempenhar um papel importante junto da comunidade portuguesa em terras gaulesas, impulsiona a “partilha de uma identidade cultural portuguesa entre os emigrantes”. Particularmente junto da primeira geração, uma geração que se encontra intimamente ligada à Rádio Alfa, pelo que a emissora deve ter como uma das prioridades e desafios para o futuro a sua interligação com os lusodescendentes, de modo a conseguir “fazer um cruzamento de culturas e tentar direccionar-se para as diferentes expectativas dos seus diferentes ouvintes”.

No passado, e sobretudo no presente e no futuro, a Rádio Alfa continuará a ser a antena da comunidade portuguesa em Paris, ou como salientou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no 30.º aniversário da estação, a “ Rádio Alfa é Portugal".

domingo, 18 de março de 2018

Daniel Bastos apresentou Terras de Monte Longo em Paris


No passado sábado (17 de março), o historiador português Daniel Bastos apresentou o seu mais recente livro “Terras de Monte Longo” na capital francesa.  

A obra, concebida a partir do espólio de um dos mais aclamados fotógrafos portugueses da sua geração, José de Andrade (1927-2008), fotógrafo de renome internacional, premiado e exposto em vários cantos do mundo, foi apresentada no Portologia, um dos novos espaços de referência da comunidade portuguesa em Paris.
 
LEGENDA - Da dir. para a esq.: o proprietário do Portologia, Julien dos Santos, o deputado do círculo da Europa, Paulo Pisco, o historiador Daniel Bastos, o empresário Manuel Pinto Lopes, e o presidente da Associação Memória das Migrações, Parcídio Peixoto.
A apresentação da obra, uma edição trilingue traduzida para português, francês e inglês com prefácio do conhecido fotógrafo franco-haitiano que imortalizou a história da emigração portuguesa, Gérald Bloncourt, esteve a cargo do empresário português radicado em Paris, Manuel Pinto Lopes, e do deputado eleito pelo do círculo da Europa, Paulo Pisco.  








No decurso da sessão de apresentação, que contou com a colaboração da Associação Memória das Migrações, o empresário Manuel Pinto Lopes destacou o contributo do livro na valorização do passado e memória coletiva do interior norte de Portugal, enquanto o deputado Paulo Pisco, salientou o percurso dedicado e próximo do historiador Daniel Bastos na promoção das Comunidades Portuguesas.  

Refira-se que neste novo livro, realizado com o apoio do Centro Português de Fotografia, instituição pública que assegura a conservação, valorização e proteção legal do património fotográfico nacional, o investigador da nova geração de historiadores portugueses, cujo percurso tem sido alicerçado no seio da Lusofonia, esboça um retrato histórico conciso e ilustrado do interior norte de Portugal em meados dos anos 70.








Através de imagens até aqui inéditas, que José de Andrade captou nessa época em povoados rurais entre o Minho e Trás-os-Montes, o historiador e autor de livros sobre a emigração, aborda as memórias do passado, não muito distante, do Portugal profundo e rural na transição da ditadura para a democracia, um período fundamental da história contemporânea portuguesa, marcado por décadas de carências, isolamento, condições de vida duras e incontáveis episódios de emigração “a salto”.


domingo, 11 de março de 2018

A memória portuguesa na cidade de Sacramento no Uruguai



O processo histórico da expansão portuguesa iniciada no séc. XV, período fundamental da história universal em que Portugal deu novos mundos ao mundo, mostra-se na atualidade num conjunto diversificado de testemunhos materiais e imateriais em várias regiões do mundo, que constituem um património de reconhecido valor histórico e cultural.

No vasto conjunto patrimonial que advém da presença e influência portuguesa noutras culturas e continentes, contexto que faz da pátria de Camões um dos países que tem fora das suas fronteiras mais património edificado classificado pela UNESCO, encontra-se a Colónia do Sacramento, a mais antiga cidade do Uruguai.

A Colónia do Santíssimo Sacramento foi fundada no séc. XVII pelo Governador da Capitânia do Rio de Janeiro, Manuel Lobo, num período histórico em que Portugal estendia a sua influência até ao Rio da Prata, no Uruguai, desafiando assim o poderio espanhol. 

Constantemente atacada pelos espanhóis, até porque do outro lado do Rio da Prata existia a importante cidade de Buenos Aires, a Colónia do Sacramento foi ocupada e perdida pelos portugueses sete vezes, até que integrou o Império do Brasil, que deu a independência ao território nos primórdios do segundo quartel do séc. XIX. 

Quatro séculos depois da sua fundação, a cidade Colónia do Sacramento, no Uruguai, país localizado na parte sudeste da América do Sul cuja única fronteira terrestre é com o estado brasileiro do Rio Grande do Sul, mantém intactas marcas intemporais da presença portuguesa que são um relevante fator de desenvolvimento turístico da região. 

Colônia do Sacramento é hoje um dos principais destinos turísticos do Uruguai, recebendo milhares de visitantes por ano, para o que muito contribui o facto do bairro histórico da cidade ter sido classificado no termo do séc. XX pela UNESCO como Património da Humanidade. Nesse sentido, o vasto legado material e imaterial de origem portuguesa que se encontra fora da Europa, além de funcionar como um notável motor de desenvolvimento socioeconómico, tem igualmente o condão de poder funcionar como um importante fator de incremento de relações culturais e diplomáticas entre Portugal e as várias nações por onde se encontra espalhado património histórico luso, contribuindo assim decisivamente para a projeção hodierna de Portugal no Mundo.