Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Fafe: Livro que assinala os 150 anos da Misericórdia destaca importância dos beneméritos no Brasil


Fafe, 23 mai (Lusa) – O livro do historiador Daniel Bastos, que assinala os 150 anos da Santa Casa da Misericórdia da Fafe (SCMF), destaca a importância dos emigrantes, no Brasil, na criação e desenvolvimento, no século 19, daquela instituição de solidariedade.


Naquele trabalho de investigação, com quase 350 páginas, que vai ser apresentado na sexta-feira, em Fafe, o historiador explica, pormenorizadamente, como surgiu a SCMF, por iniciativa de comerciantes fafenses radicados no Brasil.

Daniel Bastos recorda que a ideia partiu de um médico fafense, Miguel António Soares, que, por volta da década de 50 do século 19, confrontado com as precárias condições de saúde da população local, pediu ajuda a um filho abastado, emigrado no Brasil.

Naquela época, residiam e trabalhavam no Rio de Janeiro dezenas de comerciantes oriundos de Fafe. Foram esses que, portadores de algumas fortunas pessoais, decidiram arranjar dinheiro para construir um hospital em Fafe, igual a outro que já existia naquela cidade brasileira.

Com os donativos oriundos do Brasil, o hospital viria a ser inaugurado em março de 1863 com o propósito de assistir às populações mais pobres daquele concelho minhoto. Um ano antes, para gerir o equipamento, constituiu-se, com as elites locais, a irmandade da Santa Casa da Misericórdia.

O livro de Daniel Bastos, “Santa Casa da Misericórdia de Fafe – 150 anos ao serviço da comunidade”, apresenta documentação que retrata aquele e os períodos subsequentes.

O historiador explicou à Lusa que a pesquisa prolongou-se por cerca de ano e meio e baseou-se no acervo da instituição, cujo estado de conservação e organização elogiou. Disse também ter sido importante a consulta dos jornais da época que iam relatando a história da instituição.
Ao longo dos anos, até ao período em que o hospital foi nacionalizado pelo Estado Português (1975), a SCMF viveu quase exclusivamente voltada para a gestão da unidade de saúde, que estendera, entretanto, a sua influência à região de Basto.

Daniel Bastos disse que foram décadas de muitos progressos, mas também de grandes dificuldades. Por três vezes (1944, 1955 e 1965), a instituição recorreu a cortejos de oferendas, que envolveram toda a comunidade local, permitindo recolher fundos que ajudaram na gestão do hospital e na aquisição de equipamentos hospitalares.

Desses momentos, o livro apresenta inúmeras fotografias, comprovando o empenho da população local na procura de soluções para o seu hospital.

O último dos três cortejos já foi promovido pelo então provedor cónego Leite Araújo que, uma década depois, quando foi nacionalizado o hospital, viria a ser determinante na refundação da instituição. Daniel Bastos explicou que foi em 1975 que a SCMF, privada do seu hospital, se voltou para outras necessidades sociais da época, como os idosos e as crianças.

Poucos anos depois, no início da década de 80 do século passado, foi inaugurado o primeiro lar de idosos da instituição.

Desde então, nunca mais a SCMF parou de crescer, sendo hoje uma das maiores instituições sociais do Norte do país, com centenas de utentes, de vários escalões etários, e mais de 200 funcionários. 

APM.
Lusa/fim


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