Com
o aproximar da quadra natalícia, uma época de partilha e solidariedade, uma
época de celebração da esperança num mundo melhor, rememoro o poema
“O olhar do mendigo”, que integra o meu livro de poesia “Terra”
magnificamente ilustrado pelo mestre-pintor Orlando Pompeu.
Orlando Pompeu - O olhar do mendigo |
O olhar do mendigo
Possui
no imenso nada
o
propósito de viver
um
dia de cada vez,
talvez
sobreviver.
De
mão estendida
e a
tristeza no olhar
espera
em silêncio
algo
para se saciar.
Órfão
do destino
tem
o céu como teto,
a
rua como cama,
o
corpo descoberto.
Voltado
à solidão
jaz
andrajoso
envolto
na escuridão.
Desprovido
de sonhos,
o
olhar de dor
do
mendigo
espelha
a humilhação
da
nossa alienação.
Daniel Bastos, “O
olhar do mendigo”, in Terra.
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