Há
poucos meses atrás, a imprensa nacional e lusófona destacou nas páginas dos
seus órgãos de informação, a apresentação de um projeto de lei proposto pelos
deputados do PSD eleitos pelo círculo da emigração, José Cesário, Carlos
Gonçalves e Carlos Páscoa Gonçalves, que previa a integração de dois
representantes das comunidades portuguesas no Conselho Económico e Social
(CES).
Sendo
o CES um órgão constitucional de consulta e concertação social que tem como
principal objetivo a promoção da participação dos agentes económicos e sociais
nos processos de tomada de decisão dos órgãos de soberania, no âmbito de
matérias socioeconómicas, os parlamentares fundamentaram a iniciativa “pela
importância, nos mais diversos níveis, que as nossas comunidades assumem hoje
em dia”.
Assumindo-se
o Conselho Económico e Social
como um espaço de referência para o diálogo entre o Governo, os Parceiros
Sociais e restantes representantes da sociedade civil organizada, a entrada de representantes das comunidades no CES é
muito meritória e só peca por tardia. Como sustentam os deputados, os nossos
emigrantes assumem-se “como dos maiores investidores em Portugal, ajudando ao
desenvolvimento de muitas zonas do interior e tendo um peso bastante importante
nos resultados do setor do turismo nacional”.
Estando em consonância com a substância do projeto de lei apresentado publicamente, e esperando que o mesmo abra ou tenha já aberto a entrada mais do que legitima das comunidades no CES, considero porém que essa admissão deve ser acompanhada de uma maior revalorização da participação das comunidades portuguesas nas tomadas de decisão política em Portugal.
Essa
revalorização passa desde logo pela necessidade imperiosa do aumento do número
de deputados eleitos pelos círculos da emigração, dado que os quatros mandatos
dos dois círculos da emigração, o círculo da Europa e o círculo de Fora da
Europa, constituem uma flagrante sub-representação dos cerca de cinco milhões de portugueses emigrantes e luso-descendentes
espalhados no mundo, e que correspondem praticamente a metade da população
residente em Portugal.
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