Dentro
dos novos movimentos da emigração portuguesa, cada vez mais marcada pelo
aumento do número de emigrantes com o ensino superior, a saída para o
estrangeiro de profissionais de saúde ao longo dos últimos anos tem ocupado um
lugar de crescente relevo na percentagem dos grupos socioprofissionais que
vivem fora do país.
Um
dos grupos mais conhecidos na área da saúde, cujos profissionais têm optado por
trabalhar no estrangeiro, é o dos enfermeiros, que perante a falta de trabalho
e de contratos precários, têm encontrado nos chamados países ricos as
oportunidades que não conseguem entrevir em Portugal. Em 2013, ano em que
saíram do nosso país 128 mil emigrantes, a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE), apontava
que só no Reino Unido trabalhavam mais de um milhar de enfermeiros portugueses,
e na Bélgica cerca de duas centenas.
Esta
considerável saída de profissionais de saúde nos últimos tempos está ainda a
ser engrossada pela emigração de médicos portugueses. Em 2014, segundo registos
da Ordem dos Médicos, emigraram 394 médicos lusos, sendo que ano seguinte a
mesma entidade que regula a prática médica em Portugal registou
a saída de 475 médicos. O Reino Unido, a França, a Espanha, assim como os
Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, encontram-se no rol de nações que
têm captado as preferências dos clínicos portugueses que procuram exercer a
atividade médica no estrangeiro.
As
razões da emigração de médicos portugueses, sobretudo médicos de família, entroncam-se
nas dificuldades que vários jovens clínicos enfrentam para fazer a
especialidade, na degradação das condições de trabalho, na demora dos concursos
e nas diferenças entre ordenados, e é reveladora da falta de visão estratégica
que perpassa a sociedade portuguesa.
No
mínimo, é um contrassenso assistir ao aumento da emigração de médicos
recém-formados, cuja formação básica individual custa aos contribuintes
portugueses cerca de 100 mil euros, quando há vagas para médicos por preencher no
interior dos país e um estudo recente de investigadores da Universidade do Porto (ISPUP) sustenta
que a falta de médicos de Saúde Pública em Portugal, juntamente
com o envelhecimento dos atuais profissionais da especialidade, coloca em risco a qualidade de
serviços à população.
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