Nos
passados dias 10, 11 e 12 de julho, realizou-se na Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH/NOVA), o curso de verão
“Emigração e remigração: novas formas de mobilidade em Portugal”, que teve como
principal objetivo oferecer um quadro das recentes mudanças nos padrões
migratórios de e para Portugal, com uma atenção específica aos temas do
trabalho, da cidadania, da identidade e dos imaginários do futuro.
A
iniciativa, que parece não ter atraído a atenção dos órgãos
de comunicação, teve o condão de juntar vários especialistas da comunidade
académica para expor e debater dimensões do fenómeno migratório lusófono com
menor visibilidade na opinião pública. Como os casos da remigração
guineense para o Reino Unido, a remigração hindu entre a África de Leste e a
Europa, os portugueses ismailis em Angola, e os portugueses-bangladeshis em
Londres.
Um
dos casos de estudo, também alvo de análise no curso de verão, e que tem gerado
impacto na sociedade portuguesa foi o dos enfermeiros lusos no estrangeiro,
cujo recrutamento internacional embora persista parece ter estancado no ano
passado.
Segundo
dados da Ordem dos Enfermeiros, que emite as declarações de habilitação que
estes profissionais precisam para exercer lá fora, em 2016
saíram do país 1614 enfermeiros, quase metade do ano anterior. Este número
é inclusive inferior ao que se registou em 2011, ano da chegada da troika a
Portugal, e isto depois de nos últimos anos, terem emigrado 12670 enfermeiros,
mais de 2500 por ano, para países como o Reino Unido, a França, Bélgica e a
Alemanha.
O
aumento da contratação no Serviço Nacional
de Saúde (SNS)
parece estar na base do decréscimo desta emigração portuguesa qualificada, o
que não pode deixar de ser visto como um dos bons indicadores atuais do
país.
No
entanto, como tem alertado a Ordem dos Enfermeiros, nada garante
que a tendência não torne a inverter-se, dada a disparidade de salários e de
progressão na carreira no estrangeiro, pelo que é fundamental
consolidar e fortalecer estes recentes sinais positivos, tanto que é mais ou
menos unânime que faltam milhares de enfermeiros no SNS.
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