Durante
o primeiro trimestre deste ano vai ser lançada, pela Gradiva e a Macaulink, com
o apoio do Instituto Internacional de Macau, a versão portuguesa do livro
“Cannon Soldiers of Burma”, de James Myint Swe, uma obra incontornável sobre a
presença multissecular portuguesa na Birmânia.
Situada
a sul da Ásia continental, e limitada ao norte e nordeste pela China, a leste
pelo Laos, a sudeste pela Tailândia, ao sul pelo Mar de Andamão e pelo Canal do
Coco, a oeste pelo Golfo de Bengala e a noroeste pelo Bangladesh e pela Índia,
a Birmânia, oficialmente República da União de Myanmar, encerra ainda hoje
como sustenta James Myint Swe, marcas
vivas da presença pioneira dos portugueses na Ásia.
O
investigador formado em Ciência Política pela Universidade de Western Ontário
no Canadá, salienta a existência neste território asiático, nas mesmas zonas
onde os portugueses se estabeleceram nos sécs. XVI e XVII, de populações
descendentes dos navegadores, mercadores, exploradores e soldados do período da
expansão marítima.
Como
anota o autor com raízes birmanesas, a presença pioneira dos portugueses na
Ásia no séc. XVI e XVII, catalisadora dos primeiros contactos entre a Europa e
o Oriente, subsiste nas atuais comunidades bayingys, uma etnia birmanesa
conhecida como o “povo de olhos verdes”, cujas populações de cabelo e pele
clara, maioritariamente católicas, conservam afinidades com o imaginário
coletivo português.
Num período em que a diplomacia e a
projeção cultural têm desempenhado um papel fundamental na política externa
portuguesa, e a língua de Camões é uma das mais faladas no mundo, é importante
que o país não deixe cair no esquecimento o seu contributo ecuménico na história
mundial.
É a partir do valioso legado
histórico da diáspora portuguesa, que Portugal deve continuar a afirmar-se no
seio das nações como um país construtor de pontes de diálogo e cooperação entre
povos, que no caso da antiga Birmânia pode ter um importante contributo na
consolidação da democracia na atual Myanmar. Este estreitar de laços de amizade
e cooperação, por via de um passado comum na Ásia, um imenso território de
oportunidades e crescimento, pode inclusivamente revelar-se estratégico na
prossecução da internacionalização da economia portuguesa e da afirmação de
Portugal no mundo.
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