A constância do fenómeno da emigração qualificada
portuguesa ao longo dos últimos anos tem colocado a Portugal cenários e
desafios (des) estruturantes do ponto de vista socioeconómico.
Dentro desse quadro socioprofissional, um dos
grupos onde tem sido notória a apetência pelo estrangeiro é o dos profissionais
de saúde portugueses. Segundo dados das Ordens da Saúde, no
final do ano de 2015 havia 13 mil enfermeiros, 5 mil médicos, 2 mil farmacêuticos
e mil dentistas emigrados no estrangeiro, mormente no Reino Unido, na França,
na Holanda, na Bélgica e na Suíça.
As
motivações da saída destes profissionais de saúde são transversais e continuam a
marcar a agenda nacional. Ainda no termo do ano passado foi divulgado um estudo
intitulado A carreira médica e os factores determinantes da saída do SNS, baseado em inquéritos a
três grupos distintos de profissionais inscritos na Secção Regional do Norte da
Ordem dos Médicos, que aponta que metade dos médicos a fazer a formação na
especialidade admite a possibilidade de emigrar no final do internato.
O
estudo, conduzido pela investigadora Marianela Ferreira, do Instituto de Saúde Pública da
Universidade do Porto (ISPUP), em colaboração com o bastonário da Ordem dos Médicos, revela que
a maioria dos jovens médicos do Norte estão genericamente insatisfeitos com as longas
jornadas de trabalho, a falta de oportunidades de progressão e a escassa remuneração
que usufruem.
Estando
previsto a breve trecho o alargamento deste primeiro grande trabalho sobre a
carreira médica realizado em Portugal, a outras regiões do país (Centro e Sul),
cujas conclusões provavelmente não serão muito diferentes destas, o estudo
conduzido pela investigadora Marianela Ferreira mostra a urgência do país encontrar
soluções para
não continuar a perder o valioso capital humano que constituem as jovens
gerações qualificadas portuguesas.
Nenhum país, e Portugal não é exceção, antes pelo contrário, consegue projetar
o seu futuro com confiança e crescimento sustentado se não tiver capacidade de
fixar os seus jovens qualificados, como é o caso paradigmático dos profissionais
de saúde que asseguram
diariamente a prestação de cuidados de
saúde à população.
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