A
Comunidade Portuguesa na Venezuela, segunda maior comunidade lusa na América
Latina, a seguir ao Brasil, constituída por meio milhão de portugueses e
lusodescendentes, vive por estes tempos marcada pela
angústia do presente e a incerteza do futuro.
Esta intranquilidade é resultante da grave crise económica e social em
que mergulhou a pátria Simón
Bolívar, que ainda no início deste século era o país mais rico da América do
Sul, e onde na atualidade a população sofre uma séria escassez de alimentos e
medicamentos. O panorama socioeconómico sombrio regista a
falta de comida, o aumento nos
índices de mortalidade infantil e materna, a privação de remédios essenciais,
como antibióticos e analgésicos, a carência de luvas, gazes, seringas ou
produtos de limpeza.
A
Comunidade Portuguesa na Venezuela não está imune à crise, sendo conhecidas
várias situações de compatriotas que já não conseguem satisfazer as
necessidades mais básicas. Situação que tem contribuído para o regresso de
milhares de luso-venezuelanos a Portugal, sobretudo à Madeira, onde nos últimos
anos segundo o Governo Regional já regressaram mais de quatro mil emigrantes da
Venezuela.
Mas
é também nestes tempos sombrios de crise, que se têm gerado genuínos exemplos
de resiliência e solidariedade no seio da Comunidade Portuguesa na Venezuela. Como
é o caso da Associação de Médicos Luso-venezuelanos (Assomeluve), que durante o
mês de julho delineou uma rede médica portuguesa centrada em atender as
necessidades prioritárias de saúde dos compatriotas.
Este
projeto solidário, que conta com o apoio do Governo português, da Embaixada de
Portugal na Venezuela e dos consulados locais, tem segundo a gastrenterologista
Clara Maria Dias de Oliveira, porta-voz da Assomeluve, como principal missão “estabelecer
as necessidades prioritárias dos portugueses na Venezuela, e prestar atenção
médica geral e especializada", e irá começar em cinco regiões da
Venezuela, no Distrito Capital (Caracas, Miranda e Vargas) e nos estados de
Lara, Bolívar, Carabobo e Anzoátegui.
O
exemplo de solidariedade praticado pela Associação de Médicos Luso-venezuelanos
em prol da Comunidade Portuguesa é digno de louvor e de reconhecimento público,
e um sinal de esperança no futuro da Comunidade Portuguesa na Venezuela.
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