No
segundo semestre deste ano assinalam-se os 500 anos da primeira viagem de
circum-navegação do mundo, iniciada pelo navegador português Fernão de
Magalhães em setembro de 1519 e concluída pelo explorador espanhol Sebastián
Elcano, em setembro de 1522, após a morte do navegador luso.
Polémicas
estéreis à parte, que recentemente sobrevieram na imprensa luso-espanhola a
pretexto de uma pretensa “monopolização” portuguesa das Comemorações do V
Centenário da Circum-Navegação, as fontes históricas sustentam que o intrépido navegador,
nascido no seio de uma família nobre no norte de Portugal, realizou a primeira
volta histórica ao mundo, ao serviço do rei Carlos I de Espanha, vindouro Imperador
Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico.
O propósito da audaciosa viagem, que
representou um dos maiores feitos da humanidade, visava demonstrar que as
atuais ilhas Molucas, na Indonésia, à época conhecidas como as “Ilhas das
Especiarias”, se encontravam do lado espanhol do mundo, podendo ser alcançadas
navegando para ocidente. Indo assim ao encontro dos termos do Tratado de
Tordesilhas, que no final do séc. XV, com o beneplácito papal, dividiu o mundo “descoberto
e por descobrir” em duas partes, com os direitos de exploração, de cada uma
delas, destinadas a Portugal (Oriente) e a Espanha (Ocidente).
Liderando uma
frota de cinco navios, com 256 homens a bordo, Fernão de Magalhães dobrou a
América do Sul, atravessando o estreito que hoje tem o seu nome, conseguindo
desse modo alcançar após três meses de navegação no oceano Pacífico o
arquipélago das Marianas, situadas na região do Oceano Pacífico ocidental. No
entanto, Magalhães não sobreviveria ao fim da viagem, tendo sucumbido em 1521
nas Filipinas, já na rota de regresso a Espanha, tendo então o comando da
expedição sido assumido por Elcano, que regressou a Sevilha em setembro de
1522, acompanhado de apenas 18 homens.
A volta ao mundo
de Fernão de Magalhães deve obviamente ser comemorada e compartilhada por
Portugal e Espanha, nações europeias pioneiras nos descobrimentos marítimas,
que têm que assentar o seu valioso legado histórico no diálogo hodierno sobre a
globalização, a diversidade cultural e a sustentabilidade ambiental.
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