O
Real Gabinete Português de Leitura, fundado em 14 de
maio de 1837, por cerca de 40 emigrantes portugueses do Rio de Janeiro, assume-se desde a sua génese
até aos dias de hoje como um incontornável baluarte da cultura lusófona.
Localizado
no centro da “Cidade
Maravilhosa”, o Real Gabinete Português de Leitura
visou numa primeira fase a criação de uma biblioteca para
ampliar os conhecimentos dos seus sócios, e dar oportunidade aos portugueses
residentes na então capital do Império do Brasil de ilustrar o seu espírito. No
entanto, ainda no alvorecer do séc. XX transformou-se uma biblioteca pública, tornando-se
num polo dinamizador de cultura, um centro de socialização e um espaço de
fruição aberto a todos os povos.
No
decurso da inauguração do sublime edifício do gabinete, projetado pelo arquiteto
português Rafael da Silva e Castro, e erguido no último quartel do séc. XIX em estilo
neomanuelino, o escritor Ramalho Ortigão, um dos vultos mais destacados da Geração de 70
que foi convidado como orador oficial da solenidade, atestou no seu discurso a
magnitude do Real Gabinete Português de Leitura: “Se
um dia o nome de Portugal houver de desaparecer da carta política da Europa,
esta Casa será ainda como a expressão monumental do cumprimento da profecia:
(…) não se acabe a Língua, nem o nome português na terra”.
Esta
escala imponente de magnitude cultural lusófona encontra-se
patente
no valioso acervo bibliográfico do Real Gabinete Português de Leitura, que contém
cerca de 350 mil volumes entre obras raras, manuscritos, cartas e primeiras
edições. Ainda nos primeiros anos da sua fundação, o Real Gabinete Português de
Leitura adquiriu milhares de obras, algumas raras, entre os quais se destaca a
primeira edição ou edição prínceps de “Os Lusíadas”, o clássico maior da
língua portuguesa, escrito por Luís de Camões, que viu a luz do dia em março de
1572, e que pertenceu
à Companhia de Jesus.
Mais recentemente, nomeadamente em 2014, o Real Gabinete Português de Leitura foi considerado pela revista Time, uma das mais conhecidas revistas de notícias semanais do mundo, publicada nos Estados Unidos da América, como uma das bibliotecas mais bonitas do mundo, destacando a sua história, arquitetura e acervo bibliográfico que a entronizam como um incontornável baluarte da cultura lusófona.
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