Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Os descendentes dos judeus sefarditas portugueses



No final do ano passado, a Comunidade Israelita do Porto, revelou que mais de mil descendentes de judeus expulsos de Portugal no século XV obtiveram nacionalidade portuguesa desde março de 2015, data da entrada em vigor de um decreto-lei que veio permitir a concessão da nacionalidade aos descendentes de judeus sefarditas.

Os chamados judeus sefarditas são descendentes das antigas comunidades judaicas da Península Ibérica, cuja presença imemorial no território é anterior à formação dos reinos ibéricos cristãos, como por exemplo de Portugal no século XII. 

No ocaso quatrocentista, após o Édito de Alhambra de 1492, também conhecido como Édito de Granada e Édito de Expulsão, um decreto régio promulgados pelos Reis Católicos, inúmeros judeus perseguidos pela Inquisição Espanhola refugiaram-se em Portugal. Porém, a partir de 1496, o monarca português D. Manuel, que inicialmente havia promulgado uma lei que lhes garantia proteção, acabou por determinar a expulsão de todos os judeus sefarditas que não aderissem ao batismo cristão. 

Assim, numerosos judeus sefarditas foram expulsos de Portugal na transição do séc. XV para o séc. XVI, tendo encontrado sobretudo em países como a Holanda, o Reino Unido e a Turquia, e em regiões do Norte de África e, mais tarde, em territórios americanos, mormente no Brasil, Argentina, México e Estados Unidos da América, as suas pátrias de acolhimento.

Malgrado as perseguições e o afastamento do vetusto território ibérico, muitos judeus sefarditas de origem lusa e os seus descendentes mantiveram não só a língua portuguesa, mas também os ritos tradicionais do antigo culto judaico em Portugal, conservando, ao longo de gerações, os seus apelidos de família, objetos e documentos comprovativos da sua origem portuguesa, a par de uma forte relação memorial que os leva a denominarem-se a si mesmos como “judeus portugueses” ou “judeus da Nação portuguesa”.

Nesse sentido, o hodierno decreto-lei que veio permitir a concessão da nacionalidade aos descendentes de judeus sefarditas, é um ato legislativo de inteira justiça que mais do que procurar reparar os erros do passado, constitui uma reconciliação do país com um capítulo pouco conhecido da sua história, e um sinal eminente que o futuro de Portugal constrói-se na base do diálogo e de pontes entre as diversas culturas e comunidades

sábado, 17 de fevereiro de 2018

A presença portuguesa na Birmânia



Durante o primeiro trimestre deste ano vai ser lançada, pela Gradiva e a Macaulink, com o apoio do Instituto Internacional de Macau, a versão portuguesa do livro “Cannon Soldiers of Burma”, de James Myint Swe, uma obra incontornável sobre a presença multissecular portuguesa na Birmânia.

Situada a sul da Ásia continental, e limitada ao norte e nordeste pela China, a leste pelo Laos, a sudeste pela Tailândia, ao sul pelo Mar de Andamão e pelo Canal do Coco, a oeste pelo Golfo de Bengala e a noroeste pelo Bangladesh e pela Índia, a Birmânia, oficialmente República da União de Myanmar, encerra ainda hoje como sustenta James Myint Swe, marcas vivas da presença pioneira dos portugueses na Ásia.

O investigador formado em Ciência Política pela Universidade de Western Ontário no Canadá, salienta a existência neste território asiático, nas mesmas zonas onde os portugueses se estabeleceram nos sécs. XVI e XVII, de populações descendentes dos navegadores, mercadores, exploradores e soldados do período da expansão marítima. 

Como anota o autor com raízes birmanesas, a presença pioneira dos portugueses na Ásia no séc. XVI e XVII, catalisadora dos primeiros contactos entre a Europa e o Oriente, subsiste nas atuais comunidades bayingys, uma etnia birmanesa conhecida como o “povo de olhos verdes”, cujas populações de cabelo e pele clara, maioritariamente católicas, conservam afinidades com o imaginário coletivo português.   

Num período em que a diplomacia e a projeção cultural têm desempenhado um papel fundamental na política externa portuguesa, e a língua de Camões é uma das mais faladas no mundo, é importante que o país não deixe cair no esquecimento o seu contributo ecuménico na história mundial. 

É a partir do valioso legado histórico da diáspora portuguesa, que Portugal deve continuar a afirmar-se no seio das nações como um país construtor de pontes de diálogo e cooperação entre povos, que no caso da antiga Birmânia pode ter um importante contributo na consolidação da democracia na atual Myanmar. Este estreitar de laços de amizade e cooperação, por via de um passado comum na Ásia, um imenso território de oportunidades e crescimento, pode inclusivamente revelar-se estratégico na prossecução da internacionalização da economia portuguesa e da afirmação de Portugal no mundo.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Na Ponta da Língua - Histórias, Memórias e Inovação na Emigração



Nos últimos anos a emigração portuguesa tem captado o interesse dos investigadores sociais e da comunidade académica, como demonstra a realização de diversas iniciativas e projetos de investigação, que não são alheias ao peso estruturante que o fenómeno migratório ocupa em Portugal.  
Um dos projetos de pesquisa mais recentes sobre a emigração portuguesa está a ser dinamizado no âmbito da atividade científica do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC). Intitulado “Na Ponta da Língua: Histórias, Memórias e Inovação na Emigração”, este projeto pioneiro tem como objetivo geral aplicar uma metodologia inovadora de ensino e preservação da língua e cultura portuguesas através da recolha e análise de histórias da emigração portuguesa.

Trata-se de uma metodologia participativa através da qual a socialização - oral, escrita e encenada-, das histórias da emigração portuguesa narradas na primeira pessoa como experiências biográficas passam a servir um propósito didático e cívico. 

O trabalho de investigação tem incidido sobre três destinos da emigração lusa, designadamente Newark (EUA), Paris (França) e São Paulo (Brasil). Territórios onde a equipa feminina multidisciplinar, composta pelas investigadoras Elsa Lechner (CES), Clara Keating (CES), Graça Capinha (CES), Deolinda Adão (UC Berkeley), Graça dos Santos (Université Paris Nanterre), Karen Worcman (Museu da Pessoa) e Kimberly DaCosta Holton (Rutgers-Newark University), tem desenvolvido trabalhos dedicados às histórias de emigração portuguesa.

Articulando pessoas e instituições culturais e académicas, este projeto convida assim a um novo olhar sobre as histórias de emigração portuguesa, que segundo o grupo de cientistas sociais, constitui um património invisível da língua e cultura portuguesas, amplamente presente nas narrativas e histórias de vida dos emigrantes.

Financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, uma relevante fundação portuguesa com a missão filantrópica de fomentar o conhecimento e melhorar a qualidade de vida através das artes, ciência e educação, este projeto singular evidencia igualmente as enormes potencialidades e peculiaridades de trabalho do mundo académico no seio da diáspora portuguesa, um enorme e fecundo universo socio-histórico que tem necessariamente que ser estudado nas suas diversas dimensões e vertentes.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Tomada de posse da nova Comissão Política do PS-Fafe



A nova Comissão Política Concelhia do Partido Socialista em Fafe, liderada por Daniel Bastos, toma posse no próximo sábado (10 de fevereiro) às 15h00, na Sala Manoel de Oliveira, no Teatro Cinema.

Daniel Bastos, novo líder do PS-Fafe

A sessão pública de tomada de posse, contará com a presença do Presidente da Federação Distrital do PS-Braga, Joaquim Barreto, da Secretária-Coordenadora da JS-Fafe, Marisa Brochado, e do Presidente da Câmara Municipal de Fafe, Raúl Cunha.

A tomada de posse da nova Comissão Política Concelhia do Partido Socialista em Fafe, uma das maiores concelhias socialistas do distrito e do país, eleita com a moção “Unir, Renovar e Fortalecer”, marca assim o início de um renovado ciclo do PS em Fafe.

No decurso do mandato para o biénio de 2018/2020, a estrutura liderada por Daniel Bastos assume como principais linhas de orientação estratégica a união e fortalecimento da família socialista em Fafe; a envolvência e participação dos militantes na vida interna da secção; a representatividade da estrutura local nos órgãos distritais e nacionais do PS; a colaboração com o Executivo Municipal e o Grupo Parlamentar Municipal do PS na prossecução do desenvolvimento sustentado de Fafe; e a realização de campanhas mobilizadoras e dinâmicas que contribuam para uma grande vitória nacional do PS nas Eleições Europeias, assim como uma vitória nacional com maioria absoluta nas Eleições Legislativas de 2019.