No
início do mês de março, a jornalista Ana Cristina Pereira, que ao longo da
carreira se tem debruçado sobre a temática das migrações, e que inclusive no
ano passado escreveu o livro "Movimento Perpétuo: História das Migrações
Portuguesas", assinou no jornal Público
um artigo de referência sobre “A (re)construção da figura do emigrante”.
Procurando
responder às perguntas: “Como é que
os portugueses residentes em Portugal encaram os portugueses residentes no
estrangeiro?”, “Os portugueses residentes no estrangeiro sentem-se apreciados
ou depreciados pelos residentes em Portugal?”, “Há um modo de olhar os velhos
emigrantes e outro de olhar os novos?” e “ Algo mudou desde que os filhos das
classes médias começaram a procurar emprego lá fora?” – a jornalista aborda com
mestria as dinâmicas históricas e mais recentes da emigração portuguesa, confirmando o peso estruturante que o fenómeno
continua a ter no país.
Sustentada
em abordagens de investigadores da área das migrações, como Elsa Lechner,
Albertino Gonçalves, Victor Pereira ou António de Vasconcelos Nogueira, e nas
vivências dos conselheiros das comunidades portuguesas, Flávio Alves Martin (Brasil), Nelson Campos (Alemanha),
Pedro Rupio (Bélgica), Gabriel Marques (EUA) e Paulo Marques (França), assim
como do diretor das publicações Luso
Jornal (França e Bélgica), Carlos Pereira, a jornalista evidencia as
diferenças entre a nova e a antiga emigração, traçando um perfil do emigrante
português que mudou, que já não continua só a trabalhar em profissões não
qualificadas no estrangeiro.
As
diferentes experiências, qualificações, proveniências e percursos de vida dos conselheiros
das comunidades portuguesas apontados no artigo, são reveladores do papel
político, económico, cultural e associativo que estes, conjuntamente com muitos
outros compatriotas espalhados pelo Mundo, desempenham no desenvolvimento das suas
pátrias de acolhimento e de origem.
Não
obstante as comunidades emigrantes assistirem a choques geracionais, e na
sociedade portuguesa subsistirem ainda incompreensões sobre a imagem do
emigrante, a realidade é que o país continua a ter na emigração uma força
motriz da economia. E como afirma Ana Cristina Pereira, “O emigrante já não é
só o trabalhador agrícola ou o operário fabril. Pode ser qualquer um”.
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