Na sua recente passagem por Lisboa, para participar no Diálogo de Legisladores
Luso-Americanos da FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento), o presidente do CPAC -
Califórnia Portuguese American Coalition, um grupo de lóbi pró português criado
em 2016, concedeu ao Diário de Notícias
uma
entrevista elucidativa sobre a realidade sociopolítica dos jovens lusodescendentes nos Estados
Unidos.
Ao longo da entrevista num
dos títulos incontornáveis no panorama da
imprensa nacional, Diniz Borges, que é também professor e cônsul
honorário de Portugal em Tulare, na Califórnia, manifesta a sua inquietude perante a forma como os jovens lusodescendentes nos Estados Unidos "entram
num trumpismo que vai contra os princípios" portugueses.
Não se coibindo de criticar o discurso
anti-imigração do Presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump, responsável por “uma
clivagem entre os imigrantes”, Diniz Borges, revela que ao mesmo tempo que se
orgulham das suas raízes portugueses, muitos jovens lusodescendentes procuram
passar uma mensagem que as histórias das suas famílias são diferentes das dos
outros imigrantes, mormente dos hispânicos. Nas palavras do presidente do grupo
de lóbi pró português na Califórnia "Tentam dizer que os pais ou os avós
foram imigrantes mas não assim. Vieram legais".
A
retórica e encantamento de jovens lusodescendentes pelo discurso anti-imigração está longe de ser um
exclusivo da atual realidade norte-americana. A mesma encontra-se muito
presente, por exemplo, em França, onde foi notória nas últimas eleições
presidenciais a disposição de muitos jovens lusodescendentes para votarem na extrema-direita
liderada por Marine Le Pen, que teve claramente
em Donald
Trump um aliado
e uma motivação supletiva durante o ato eleitoral de abril de 2017.
Nesse
sentido, a chamada de atenção de Diniz Borges, ele próprio filho de emigrantes açorianos, sobre
a sedução do discurso populista de Donald Trump nos jovens lusodescendentes nos Estados
Unidos, ou o feitiço de Marine Le Pen entre os jovens com raízes na comunidade
portuguesa em França, tem que ser devidamente tido em conta e dissipado. As
jovens gerações de
lusodescendentes espalhadas pelos quatro cantos do mundo não podem olvidar que a
história coletiva das suas raízes familiares entronca na clandestinidade, em
vários casos, e na busca comum de uma vida melhor.
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