Recentemente, o Gabinete de Estudos da Associação
dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP),
divulgou dados apontando que um quinto das habitações compradas durante o ano
passado em Portugal foi adquirido por estrangeiros.
Segundo
os dados da APEMIP, o investimento estrangeiro para compra de habitação em
Portugal teve em 2017 uma representatividade na ordem dos 20%, mantendo-se a
nacionalidade francesa no lugar cimeiro dos estrangeiros que mais investem em
Portugal, seguindo-se os brasileiros, ingleses, chineses e angolanos.
Mais
do que um importante indicador da fase de crescimento da economia portuguesa, a
dinâmica do mercado imobiliário português impulsionada pelo investimento
estrangeiro é fundamental para o desenvolvimento sustentado do país, e
assume-se como uma componente atrativa de recursos humanos capazes de contribuírem
para o equilíbrio da balança migratória nacional. Como é o caso dos investidores
canarinhos, que perante a instabilidade politica, social e económica que o
Brasil atravessa, que tem levado à entrada nos últimos tempos em terras
lusitanas de milhares de brasileiros, parecem encarar Portugal como uma nova
Miami.
No entanto, esta atração estrangeira pelo mercado imobiliário português
coloca concomitantemente grandes desafios aos agentes e decisores nacionais.
Desde logo, porque este investimento estrangeiro tem-se concentrado
essencialmente nas regiões de Lisboa Porto e Algarve, o que é revelador das assimetrias
no desenvolvimento do litoral e do interior, e da necessidade imperiosa de se assumir
uma estratégia concertada para promover o país do interior, através
da valorização da natureza, do património, da cultura, da gastronomia e dos
produtos locais.
Essa
estratégia de valorização do interior, capaz de alavancar o desenvolvimento dos
territórios, e conter o fenómeno dramático do despovoamento, pode e deve beneficiar da dinâmica estrangeira no mercado imobiliário
português, tanto que as perspetivas da APEMIP para o presente ano
é que os investidores possam apostar na compra de casas fora das zonas
tradicionais, prevendo-se uma possível aposta em regiões do país que disponham, por exemplo, de condições de excelência para a prática do turismo rural.
Sem comentários:
Enviar um comentário