Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

terça-feira, 3 de abril de 2018

Manuel Nunes, o inventor do Ukulele


O arquipélago da Madeira, cais singular de chegadas e partidas no oceano Atlântico, tem sido, ao longo da história portuguesa, um dos territórios nacionais mais fortemente marcado pelo fenómeno da emigração.

Impelidos pelo desígnio de uma vida melhor coligida às necessidades de mão-de-obra por parte do mercado estrageiro, os madeirenses encontram-se espalhados pelos quatro cantos do mundo. Com particular incidência na África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá, E.U.A., França, Reino Unido e Venezuela, onde reside atualmente uma das maiores comunidades madeirenses espalhadas pelo mundo.

No quadro da presença histórica de madeirenses no mundo, como revela a investigadora Susana Caldeira, destaca-se o pioneirismo da chegada de naturais da pérola do Atlântico ao Havai, um dos cinquenta estados norte-americanos localizado num arquipélago em pleno Oceano Pacifico, cuja capital e maior cidade é Honolulu.  

Como sustenta Susana Caldeira na obra Da Madeira para o Hawaii: A Emigração e o Contributo Cultural Madeirense, a emigração portuguesa para este arquipélago norte-americano “começou com o primeiro grupo de 120 madeirenses que chegaram lá no dia 29 de Setembro de 1878, a bordo do navio Priscilla, respondendo a uma crescente demanda de mão-de-obra para as plantações de açúcar. Depois desse primeiro embarque, milhares de madeirenses seguiram o seu sonho de uma vida melhor no que eles chamavam a "Terra Nova". De longe, o maior grupo de portugueses era oriundo da Madeira tendo, assim, constituído o corpo principal dos antepassados da comunidade portuguesa”.

É nesta leva primitiva de portugueses para o Havai, que se enquadra a trajetória migratória do madeirense Manuel Nunes (1843-1922), marceneiro e fabricante, considerado o inventor oficial do ukulele, afamado instrumento musical havaiano. Figura incontornável da história da emigração madeirense no crepúsculo do séc. XIX, Manuel Nunes, tornou-se um dos mais importantes fabricantes de ukuleles e o seu inigualável labor manteve-se no mercado durante mais de quatro décadas, sendo que muitos dos seus instrumentos feitos à mão ostentam uma etiqueta onde se pode ler "M. Nunes, Inventor of the Ukulele and Taro Patch Fiddles in Honolulu in 1879".

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