O ano
que agora termina fica marcado pela morte
de
um dos grandes nomes da fotografia humanista, Gérald Bloncourt, cujo espólio
singular, formado por um conjunto iconográfico da maior importância para a
história portuguesa do séc. XX, constitui um acervo fundamental para uma melhor
compreensão e representação do nosso passado recente.
Caminhava
outubro para o seu fim quando o país recebeu a notícia da morte do nonagenário fotógrafo
franco-haitiano que imortalizou a história da emigração portuguesa para França.
Como assinala Eduardo Lourenço, “esses filhos da antiga raça dos navegadores não
soçobraram à vista do porto», uma vez que a «título póstumo tiveram sorte em
ter como companhia o sorriso aberto de marinheiro de Gérald Bloncourt. E a sua
máquina para os lembrar para sempre nos retratos com que os salvou do
esquecimento”.
Nesse
sentido, e tendo como base o trabalho e percurso de vida do fotógrafo
franco-haitiano que durante as Comemorações do 10 de Junho de 2016 em Paris foi
distinguido com a ordem de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, o
ano de 2019 que agora se aproxima, assinalará a realização de várias
indicativas de homenagem a Gérald Bloncourt.
Entre
1 de fevereiro e 3 de março, as imagens de Bloncourt serão um dos
destaques do iNstantes
– Festival Internacional de Fotografia de Avintes, um dos
eventos culturais mais importantes de Portugal, enriquecendo-se com diversas
propostas dentro do mundo da fotografia artística, conceptual e de autor. Nas
25 exposições de fotógrafos de 10 países (Portugal, Espanha, Brasil, Colômbia,
França, Suiça, Grécia, Roménia, Indonésia e Macau), avultará a exposição “O
Olhar de Compromisso com os Filhos dos Grandes Descobridores”, que paralelamente
com uma palestra abordará a vida dos portugueses em França nos anos 60.
O
mês de abril assinalará ainda o lançamento do livro “Gérald Bloncourt – Dias de
Liberdade em Portugal”, dedicado a um outro período marcante da história
contemporânea portuguesa. Designadamente a Revolução de Abril de 1974 da qual
Bloncourt foi um espectador privilegiado, e cujas imagens praticamente inéditas
revisitam a génese da nossa democracia.
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